“Nariz limpinho”
O Nariz (cavidades nasais) é o primeiro ponto de passagem do ar no nosso sistema respiratório, é também uma zona muito rica em pequenos vasos sanguíneos e com funções de proteção do restante sistema respiratório através de filtragem e humidificação do ar.
Nos bebés, onde o sistema respiratório é imaturo, e onde as vias extratorácicas (não incluem o pulmão, brônquios e bronquíolos) são mais de metade do comprimento do sistema respiratório completo, é fundamental o seu bom funcionamento. Até aos 6 meses de vida a respiração é exclusivamente nasal, mesmo enquanto são amamentados/alimentados e durante o sono. Percebe-se assim o quão importante é a saúde nasal e manter as cavidades nasais livres de obstruções.
Nesta altura do ano, pelas variações de temperatura e humidade, vírus, bactérias, levam muitas vezes a uma inflamação das paredes das cavidades nasais e aumento da produção de muco (ranho) obstruindo as mesmas, diminuindo a quantidade de ar que chega até aos pulmões. Chegamos então às doenças respiratórias mais comuns na infância e que tanto nos afligem como pais – as constipações e bronquiolites.
Ambas contagiosas e causadas por vírus, de maior incidência nos meses de outono e inverno, a maior diferença entre elas é a zona do sistema respiratório que afetam e consequentemente a sua gravidade.
As Constipações afetam a zona superior do sistema respiratório, cavidades nasais. Pela inflamação e aumento da produção de muco leva à obstrução nasal. Aparecem assim os primeiros sinais: corrimento nasal, espirros, mal-estar e por vezes febre ligeira. Numa constipação estes sinais, se não agravarem, vão diminuindo e ficam resolvidos geralmente ao final de uma semana.
Por outro lado, as Bronquiolites surgem quando a zona inferior do sistema respiratório fica afetado, o pulmão – bronquíolos, onde se dão as trocas gasosas – sendo por isso mais grave. Tem sinais semelhantes aos da constipação: corrimento nasal, obstrução nasal, tosse ligeira, cansaço, mas que começam a agravar e podem levar a sinais de dificuldade respiratória, pieira, febre alta, dificuldade em dormir e recusa alimentar, exigindo observação médica.
Nestes sinais de dificuldade respiratória devemos estar atentos: ao aumento da frequência respiratória (a criança respira muito mais rápido do que o seu habitual); adejo nasal (enquanto inspira verifica-se que a zona lateral do nariz abre); tiragem costal (entre as costelas os tecidos são como sugados para o interior do peito/tórax); cianose (lábios, orelhas, dedos azulados indicando falta de oxigénio); prostração. As bronquiolites demoram também mais tempo a ficar resolvidos e os sintomas a desaparecer, por volta dos 10 a 15 dias.
Para ajudar na resolução das Constipações e obstruções nasais presentes nas Bronquiolites, e evitar que algumas simples constipações possam evoluir para bronquiolites, devemos então promover uma boa limpeza nasal, quando e apenas estamos perante sinais de obstrução.
Lavar as mãos antes e depois de realizar o procedimento.
Vamos utilizar soro, preferencialmente em doses individuais e de ponta mole.
Posicionar o bebé deitado com a cabeça lateralizada, e introduzir um jato suave de soro na narina que fica em cima, aguardar que a criança respire algumas vezes, virar a cabeça para o outro lado e repetir da mesma forma – respeitar a regra da cabeça posicionada de lado para evitar otites, é fundamental!
Após a introdução do soro, o mesmo pode sair pela narina de baixo ou passar pela cavidade nasal e ser engolido, sem qualquer problema, as secreções passam para o sistema digestivo e expelidas pelas fezes.
O importante será manter as cavidades nasais desobstruídas para permitir uma boa oxigenação e facilitar a alimentação e sono das crianças!
Além disso devemos arejar espaços, lavar brinquedos, evitar exposição ao fumo sobretudo do tabaco, evitar espaços fechados e pessoas com sintomas.
Manter uma boa saúde nasal será a primeira proteção do sistema respiratório das nossas crianças!
Cláudia Antunes
Fisioterapeuta