Protejam as vossas crianças, por favor!
Protejam as vossas crianças, por favor!
Após uma breve pesquisa pelos artigos do jornal “The New York Times” acerca da prevenção do cancro de pele, deparei-me com um, particularmente interessante, que aborda a importância da protecção solar na infância. Retive o quanto a protecção solar das crianças se reveste de enorme importância, equiparada, segundo este artigo, como responsabilidade parental, à alimentação, à muda da fralda e à higiene, necessidades básicas às quais todas as crianças devem ter acesso.
As crianças passam três vezes mais tempo ao sol do que os adultos e 80% da exposição solar potencialmente nociva ocorre antes dos 20 anos de idade. Se é rara a ocorrência de melanoma maligno na infância, a verdade é que o efeito da radiação ultra-violeta é cumulativo e registado na pele para sempre, de modo que as queimaduras solares na infância e na adolescência podem reflectir-se no aparecimento deste cancro potencialmente mortal, ao longo da idade adulta. O referido artigo salienta ainda que se o comportamento relativamente ao sol não se modificar nos próximos anos, uma em cada seis crianças poderá desenvolver cancro de pele. Também refere que apenas uma queimadura solar de 2º grau (com bolha) na infância ou na adolescência duplica o risco de desenvolvimento de melanoma. Com isto se percebe como é fundamental proteger as nossas crianças.
As crianças com menos de 1 ano de idade não devem ir à praia, nem à piscina. Têm uma pele muito sensível e imatura, sem defesas que a protejam dos efeitos nocivos do sol. E a partir desta idade devem apanhar sol com muito cuidado. Sempre até às 11:00 ou a partir das 16:00, com protector solar mineral até aos 2 anos e adaptado a crianças a partir desta idade. O FPS, que confere a protecção à radiação UVB, deverá ser 50+ e ter elevada protecção também relativamente à radiação UVA. O protector deverá ser aplicado 30 minutos antes da exposição ao sol (tempo necessário para que os ingredientes protectores do creme façam interacção com e pele e promovam a protecção referida pelo fabricante) e renovado de 2/2 horas ou sempre que venham da água (mesmo que os protectores solares sejam resistentes à água). Devem usar chapéu, óculos de sol, t-shirt e brincar predominantemente debaixo de um guarda-sol. Não esquecer que a reflexão da radiação ultra-violeta feita pela areia, juntamente com o facto do guarda-sol poder deixar passar a radiação ultra-violeta, pode levar a um “escaldão”, mesmo nestas condições. As crianças com pele muito clara, têm um risco acrescido de cancro de pele, risco este que aumenta ainda mais se forem ruivas ou loiras e tiverem tendência para formar sardas. Também estão em maior risco aquelas que nunca bronzeiam ou que antes de bronzear ficam com a pele vermelha ou ligeiramente rosada (que já corresponde a uma queimadura de 1º grau). No entanto, as crianças com pele mais morena devem ser igualmente protegidas.
E não se esqueçam que a protecção solar também se deve aplicar aos recreios da escola, às visitas de estudo, aos passeios no campo e às brincadeiras ao ar livre. Como tal, pais, outros familiares, professores e educadores devem estar cientes das regras de exposição solar segura e de que a sua aplicação é tão importante como o ensino dos hábitos de higiene, das regras de convivência social e de como funciona o mundo no qual se inserem. Uma das formas mais eficazes de educar é dando o exemplo do comportamento, o qual vai ser incutido na criança de forma inconsciente e repetido ao longo da vida. Por todos estes motivos protejam as vossas crianças. Transmitam-lhes, desde pequenos, as regras de protecção solar. Sejam um exemplo que elas possam seguir. Desta forma estaremos a protegê-las dos efeitos nocivos do sol e em particular, do cancro de pele.
Patrícia Santos
Dermatologista